“Quem
já passou da adolescência, não tem mais condições de aprender
perfeitamente uma língua.” Este tipo de afirmação não é o único motivo
de controvérsias entre linguistas e pesquisadores do cérebro humano. Mas
em um ponto eles estão de acordo: as crianças aprendem línguas
estrangeiras de forma distinta dos adultos.
“Good morning, boys and girls!” Durante muitas décadas, para a
maioria dos alunos alemães, a aula de idiomas estrangeiros começava na
quinta série, com os primeiros vocábulos e expressões em inglês. Mas, há
alguns anos, cada vez mais escolas primárias e até mesmo jardins de
infância, na Alemanha, começaram a introduzir uma primeira língua
estrangeira para crianças em idade bem tenra. Para que elas estejam
preparadas de forma ideal para um futuro poliglota, os pais, pedagogos e
políticos da área de educação defendem a ideia de que, em matéria de
aprendizado de línguas estrangeiras, "quanto mais cedo, melhor". Mas
isto significa que as crianças pequenas aprendem idiomas estrangeiros em
geral melhor do que os adolescentes ou os adultos?
As crianças aprendem línguas melhor?

“Isto
depende do que se chama de aprender bem uma língua estrangeira”,
responde Rüdiger Grotjahn, professor de Didática de Línguas na
Universidade do Ruhr, em Bochum. ‟Quando se considera o resultado final
do aprendizado, pode-se dizer que começar a aprender idiomas cedo é, sem
dúvida, vantajoso.” Isso vale especialmente para o aprendizado de uma
pronúncia autêntica. Muitos de seus colegas partem do princípio de que é
necessário começar a aprender línguas estrangeiras numa fase específica
da vida – antes da adolescência ou até muito mais cedo – para se
conseguir ter uma pronúncia equivalente à de uma pessoa nativa. Porém,
ainda há controvérsias sobre a real existência de uma ‟fase crítica”.
Pois, certamente, há exemplos de alunos que, já em idade adulta,
conseguem atingir uma pronúncia perfeita num idioma estrangeiro.
A idade traz sabedoria – as vantagens dos alunos mais velhos

Considerando
a velocidade do aprendizado como um critério importante na avaliação
dos resultados do estudo de uma língua, as crianças pequenas, em
comparação com os adolescentes ou mesmo com jovens adultos, não podem
ser consideradas tão eficazes: segundo Grotjahn, os adolescentes e
jovens adultos fazem progressos mais rápidos que as crianças,
especialmente durante a fase inicial do aprendizado. No que diz respeito
à memorização de vocabulário e ao entendimento de textos escritos,
tanto os jovens quanto até os adultos mais maduros levam uma vantagem a
longo prazo. ‟Nestas áreas do aprendizado, os adultos contam com um
repertório muito maior de conhecimentos gerais e conceituais em sua
língua nativa. E, como postula a psicologia do aprendizado, um estudo
bem-sucedido é construído a partir de uma base do saber já existente.”
Isto também se aplica a situações em que muitas palavras da nova
língua possam ser deduzidas a partir do idioma nativo. Além disto, as
estratégias que eventualmente tenham sido desenvolvidas para o
aprendizado de outros idiomas têm um papel importante. Quem já passou
bastante tempo aprendendo línguas estrangeiras com sucesso e prazer,
também terá facilidade para aprender novos idiomas, mesmo em idade
avançada, apesar de o envelhecimento prejudicar o armazenamento de
informações novas.
Crianças aprendem com o corpo, adultos, com a cabeça

Crianças
geralmente reagem a novos idiomas de maneira aberta e curiosa, enquanto
os adultos, ao aprenderem palavras, estruturas e conceitos de uma
língua nova, contam com uma experiência de aprendizado e de vida cada
vez maior. Isto resulta no fato de o aprendizado das crianças ter uma
forte característica imitativa e lúdica, e a forma de as pessoas mais
velhas se aproximarem de novos idiomas ser frequentemente mais
analítica, utilizando o auxílio de regras explícitas. Na opinião de
Grotjahn, um ensino de idiomas eficiente tem de levar em consideração
estas diferenças de recursos e abordagens. Cantarolando Frère Jaques ou
La Bamba, cumprimentando o garçon em polonês ou turco, lendo livros
infantis chineses ou romances russos – a alegria de se aprender línguas e
se familiarizar com culturas estrangeiras pode ser sentida com a mesma
intensidade em qualquer idade.
Fonte:
http://www.goethe.de/ins/br/lp/kul/dub/mtl/pt7142444.htm
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